Diego D. Dias

Bem-vindos ao meu blog! Aqui, compartilho minha paixão pela biologia de flora, restauração ambiental e meu trabalho como consultor ambiental. Descubra projetos, serviços, insights e histórias sobre conservação da natureza. Junte-se a mim nessa jornada pela biodiversidade e sustentabilidade!

Neste texto, discute-se a importância dos padrões de carbono que garantem a legitimidade e transparência no mercado voluntário de créditos de carbono. Os padrões, como Verra e Gold Standard, asseguram a integridade ambiental e evitam “greenwashing”. Escolher corretamente um padrão é crucial para maximizar o valor e o impacto dos projetos de carbono.

Verra e Gold Standard: Entendendo os Principais Padrões de Carbono

Em nossas discussões anteriores, exploramos os mercados de carbono e o vasto potencial da restauração florestal. Agora, mergulhamos em um tema fundamental que sustenta todo o ecossistema do mercado voluntário: em um ambiente sem uma regulação central compulsória, o que garante que uma tonelada de carbono removida é, de fato, uma tonelada de carbono?

A resposta reside nos padrões de carbono (em inglês, standards). Eles são a arquitetura de confiança, a espinha dorsal que confere legitimidade, transparência e valor aos créditos de carbono. Para consultores, desenvolvedores de projetos e compradores, entender a fundo esses padrões não é um detalhe técnico, é a base de qualquer operação séria e bem-sucedida.

A Função Crítica dos Padrões no Mercado Voluntário

No mercado voluntário, a credibilidade é o ativo mais valioso. Um crédito de carbono só tem valor se o comprador confiar que ele representa uma redução de emissão real e íntegra. Os padrões existem para assegurar exatamente isso, resolvendo o risco de “greenwashing” e garantindo a qualidade do ativo ambiental. Sua função é tríplice:

  • Estabelecer Regras Claras: Eles fornecem manuais técnicos, pré-requisitos e metodologias robustas que definem como um projeto deve ser desenhado, implementado e monitorado para ser elegível à certificação.
  • Garantir Integridade Ambiental: Os padrões auditam os projetos com base em princípios-chave, como adicionalidade, permanência, ausência de dupla contagem e implementação de salvaguardas sociais e ambientais.
  • Prover Transparência: Operam registros públicos onde todos os projetos e créditos emitidos são listados com números de série únicos, permitindo rastreamento completo para evitar a dupla contagem.

Organizações como a ICROA (International Carbon Reduction & Offset Alliance) atuam como uma aliança que promove as melhores práticas, reforçando a credibilidade dos padrões associados.

O Padrão Dominante: Verra e seu Ecossistema

A Verra é a plataforma mais disseminada e utilizada globalmente, gerenciando um verdadeiro ecossistema de programas que certificam diversos tipos de impacto ambiental.

  •  Verified Carbon Standard (VCS): É o programa de GEE voluntário mais utilizado no mundo, estabelecendo os requisitos para o desenvolvimento, monitoramento e verificação de projetos. Um projeto certificado pelo VCS demonstra que seguiu uma metodologia rigorosa e foi auditado por uma terceira parte independente. Os créditos emitidos sob este programa são chamados de VCUs (Verified Carbon Units).
  • Climate, Community & Biodiversity (CCB) Standards: Este é um padrão de “co-benefícios”, frequentemente aplicado em conjunto com projetos VCS de agricultura, florestas e outros usos da terra (AFOLU). A certificação CCB atesta que o projeto também produz impactos positivos para as comunidades locais e para a conservação da biodiversidade, o que agrega um valor significativo ao preço final dos VCUs gerados.

O Padrão de Impacto: Gold Standard

Estabelecido por organizações como a WWF, o Gold Standard é o outro pilar do mercado voluntário. Sua principal característica é a exigência de que todos os projetos, além de comprovarem a redução de emissões, demonstrem contribuições positivas para pelo menos três dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Isso o posiciona como um padrão premium para compradores que buscam não apenas a neutralização de carbono, mas também um impacto socioambiental holístico e verificável. Seus princípios fundamentais incluem a obrigatoriedade de consultas a stakeholders, salvaguardas ambientais e sociais e a promoção da igualdade de gênero nos projetos.

Outros Padrões Relevantes no Cenário Global e Brasileiro

Embora Verra e Gold Standard dominem, outros padrões atendem a nichos específicos e são cruciais para a diversidade do mercado:

  • Social Carbon: Um padrão de origem brasileira que utiliza uma abordagem holística para avaliar a sustentabilidade dos projetos. Ele mede o impacto em seis recursos: Carbono, Biodiversidade, Natural, Humano, Social e Financeiro, representados em um hexágono que demonstra a evolução do projeto ao longo do tempo.
  • ART (Architecture for REDD+ Transactions): Esta é uma iniciativa global focada em projetos REDD+ em escala jurisdicional, ou seja, em nível de estados ou nações inteiras. Seu padrão, o TREES (The REDD+ Environmental Excellency Standard), é um dos mais rigorosos para essa escala de atuação, garantindo a integridade ambiental e social para desbloquear financiamentos em larga escala para governos.

A Visão do Consultor: Como Escolher o Padrão Certo?

A seleção de um padrão é uma decisão estratégica que impacta a viabilidade, os custos e o valor de um projeto. A escolha deve considerar:

  • Tipologia e Escala do Projeto: Projetos de conservação florestal (REDD+) em larga escala, por exemplo, estão fortemente alinhados ao ecossistema da Verra e da ART.
  • Foco em Co-benefícios: Se o projeto possui fortes componentes sociais e de biodiversidade, buscar uma certificação adicional como o CCB ou optar pelo Gold Standard pode aumentar significativamente o valor dos créditos.
  • Demanda do Mercado: Certos compradores corporativos têm preferência por determinados padrões ou por créditos que possuam certificações de co-benefícios específicas, alinhadas às suas metas de sustentabilidade.

Da Complexidade à Estratégia: Transformando seu Projeto em um Ativo Credível

Navegar por este ecossistema de padrões, metodologias e requisitos de certificação é uma tarefa complexa que exige expertise técnica e uma visão estratégica apurada. A escolha e a aplicação correta de um padrão são o que transformam uma boa iniciativa ambiental em um ativo credível, transparente e com valor de mercado.

A estruturação de um projeto de carbono, desde a análise de viabilidade inicial até a emissão dos créditos, é um processo que demanda rigor e conhecimento especializado para garantir o sucesso e a rentabilidade da operação.

Se a sua organização está desenvolvendo um projeto de carbono ou buscando adquirir créditos de alta integridade para cumprir suas metas de sustentabilidade, convido-o a entrar em contato.

Podemos analisar as particularidades do seu caso e definir a melhor estratégia de certificação para maximizar o valor e o impacto do seu ativo ambiental, garantindo que seu investimento gere resultados sólidos e reconhecidos globalmente.

Envie um e-mail para diegoddias@protonmail.com ou conecte-se comigo no LinkedIn para iniciarmos essa conversa.

4 respostas para “Verra e Gold Standard: Entendendo os Principais Padrões de Carbono”.

  1. Avatar de Entendendo o Verra e seu Impacto no Mercado Voluntário de Carbono – Diego D. Dias

    […] nosso artigo anterior, analisamos os padrões que regem o mercado voluntário de carbono. Hoje, voltamos nossa atenção para a força dominante que molda o mercado voluntário em escala […]

    Curtir

  2. Avatar de Entendendo o Gold Standard: Guia Completo para Projetos de Carbono – Diego D. Dias

    […] nossos artigos anteriores, apresentamos um panorama dos principais padrões que regem o mercado voluntário de carbono e falamos dos padrões VERRA. Mencionamos que, nesse universo, nem todos os créditos são criados […]

    Curtir

  3. Avatar de Ademar Bayer
    Ademar Bayer

    Criamos uma startup que registra o trajeto feito pelo ciclista e com isso geramos créditos de carbono, para isso precisamos de uma certificadora, gostaria de saber da possibilidade de um retorno de custos desta certificação e o que recisamos para conseguir fazer este projeto ser elaborado

    Curtir

    1. Avatar de Diego D. Dias

      Boa noite, Ademar! Tudo bem?

      Vou te enviar uma resposta por e-mail.

      Tudo bem?
      Um abraço!

      Curtir

Deixar mensagem para Entendendo o Gold Standard: Guia Completo para Projetos de Carbono – Diego D. Dias Cancelar resposta